quinta-feira, 25 de março de 2010

Limpar Portugal?

Vamos ver é por quanto tempo?

Parece-me uma boa iniciativa mas não vai ao ponto fulcral.

A soluçâo a longo prazo não passa por campanhas ocasionais de limpeza. Particulares sem civismo, as empresas fazem descargas sem ética e o Estado que não dá o exemplo.

80% dos terrenos do território nacional estão nas mãos de particulares. Ora, cabe ao Estado proceder ao policiamento, obrigar estes proprietários a manter os terrenos limpos. Desta forma até se evitam uma grande parte dos incêndios nas épocas mais quentes.

Não quero passar uma mensagem egocêntrica, pelo contrário. Sempre fui bem ensinado a não deitar lixo nos locais não indicados. Se todos fizessemos o mesmo não haveria lugar a uma grande campanha de limpeza.

O objectivo é de louvar, é claro que gostariamos de não ter que o fazer e viver num país limpo, mas não posso concordar na limpeza de terreno de forma grátis a proprietários irresponsáveis e que num futuro próximo nada farâo para evitar que fique novamente como estava.

Ainda nas férias do Natal, fomos a Portugal e estivemos a vedar e a limpar um terreno para evitar futuros problemas e aproveitamentos dos vizinhos :)

O não sujar também vem da educação dada pelos pais. Mesmo os recreios das escolas estão sujos.

Nasci em 80 mas ai de mim que fizesse tal. Numa altura que não se falava de violência doméstica levava um enxerto de porrada se pensasse atirar alguma coisa para o châo! A violência é soluçâo? Possivelmente não o era mas o certo é que não se tornaria a repetir e estamos todos aqui sem traumas e vivos! :D

Eu nasci num país supostamente de Terceiro Mundo e lá ensinava-se nas escolas principalmente a não sujar e quem limpava os matos e construía as estradas e túneis eram as Forças Armadas e os reclusos.

E cá entre nós, não lhes fazia nada mal! Ora se eu não sujo, não espero limpar a irresponsabilidade dos demais. Perdoem-me a fraqueza! :D

segunda-feira, 22 de março de 2010

Vale um desconto?

Bons hábitos de poupança e sem levar ao extremo!

Tenho verificado que aqui na Suiça é costume utilizar-se vales de descontos e que ninguém tem vergonha de apresentar o seu : )

Engana-se quem pensar que por terem um rendimento alto que não se olha ao preço. Os suíços são "agarrados", não regateam como o luso mas procuram sempre o melhor preço por comparação.

Apesar disto, é usual ter que perguntar ao funcionário da Migros qual o preço de alguns artigos.

A maioria está marcado directamente na embalagem, outros nem têm sequer uma etiqueta! A ASAE consolava-se aqui : )

Há ofertas online, como bilhetes para exposições a preços mais baixos no Ricardo.ch.

Duas entradas para o Salão Automóvel de Genève por 9 francos, em vez dos 28 francos ao balcão. Ou artigos muito caros, como lâminas de barbear Mach 3, 16 unidades pelo preço de 8. E há mais...

Todos os meses a seguradora envia vales de 20% de desconto nas farmácias Sun Store. Também é a única utilidade do seguro de saúde! No país da indústria farmacêutica os preços são exorbitantes, comparável a comprar perfumes em Paris! : )

Curiosamente concorri a uma vaga numa grande superficie. Passados uns dias recebi o CV em casa, o que não é bom sinal, mas no seu interior tinha um vale de desconto no valor de 10 francos! Perdi o trabalho mas achei atencioso! :D

No final do dia muitos artigos como o pão e outros com datas de validade curtas são colocados e assinalados com 50% de desconto. É usual ver o Sr. Ikea a comprá-los, apesar de ser o homem mais rico da Suiça ele diz que "só assim consegue entender melhor os seus clientes".

Velho sovina! Ainda goza! : )

quarta-feira, 3 de março de 2010

Jobs For The Boys

16 meses na Suiça já me dão uma boa noção para criar um tópico sobre trabalho.

Existem diferenças e semelhanças a Portugal. Ora aqui vai um senhor post!

Ponto número 1: este testemunho trata-se da minha experiência, poderão haver outras melhores ou diferentes : )

O mercado de trabalho encontra-se saturado, até aqui nada de novo. Além dos primeiros emigrantes, espanhóis e italianos, mais tarde juntaram-se os portugueses e "agora" os de Leste, dos Balcãs, de África e da América Latina.

Tem-se notado igualmente um número crescente de trabalhadores qualificados vindos dos Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Suécia, Canadá e até Austrália.

Bem ou mal, e críticas à Suiça à parte, o certo é que muitos estão por cá e por cá continuarão, quer por decisões pessoais ou profissionais.

Lausanne conta com cerca de 170 nacionalidades, quando nos vamos candidatar a uma vaga existem pelo menos mais 170 pessoas para ela, fora os cromos repetidos... : D

Numa sociedade com tanta gente a procurar trabalho o grau de exigência tem vindo a aumentar bastante. O dominio do idioma agora é fulcral. quem nao dominar, diga-se fluentemente o idioma nao espere facilidades ou oportunidades. O povo suiço é poliglota, é usual dominarem pelo menos 2 idiomas nacionais e o inglês.

Mesmo as agências de trabalho telefonam com uma missão temporária dando poucos toques. Quem não atender fica sem trabalho, mesmo estando na casa de banho e devolva a chamada passado 1 minuto! Isto já aconteceu a um conhecido de um amigo de um primo meu :D

Nota mental: levar sempre o telemóvel para a casa de banho! Continuando...

Mesmo os trabalhos não qualificados como as limpezas, manutenção e construcçâo civil já exigem conhecimentos avançados de francês e CFC (Certificado Federal de Capacidade), o que beneficia bastante mais quem por cá fez os estudos.

Os mesmos de 2 geração que agora têm vergonha de falar português e respondem com superioridade quando se procura trabalho, como se os emigrantes que agora chegam fossem de uma cultura diferente, menos moderna e evoluída.

Virmos mais preparados a nível de cultura e escolarizaçâo preocupa-os seriamente. Podem estar há 2 ou 3 gerações na Suiça mas nada aprendem, pensam desde logo que pretendemos a todo o custo o seu trabalho. Consequências mesquinhas de quem não sabe ser valorizado pelas suas competências.

Por cá, um CFC vale mais que um curso universitário noutro país, o que até entendo porque em Portugal pagam-se cada vez mais proprinas num curso superior de menos duração e onde os recém-licenciados saiem tão verdinhos que nem sabem enviar um fax... literalmente.

Vagas para cursos superiores portugueses? Salvo raras excepções são para engenharia, enfermagem ou informática.

Pela minha experiência usualmente conheço casos de quem mente para cima no currículo. Aqui noto que cada vez mais tenho mentido para baixo, omitindo curso superior, qualificaçõeses, cursos de idiomas, entre outros, para não ter um CV demasiado intelectual. Assusta os consultores de emprego! : )

Não esperem facilidades, por aqui na grande maioria dos trabalhos também se nota o factor cunha. Amizades com consultores das agências é visto como normal, prendinhas como garrafas de vinho e enchidos, tudo vale para passar à frente e conseguir a bendita vaga.

A indústria é sector que mais emprega na Suíça. Não, não é o sector bancário e as suas contas secretas, estas representam pouco mais de 3% do PIB nacional. Há muitos trabalhos com horários rotativos, começar as 7 horas da manha é algo normal, não é considerado cedo. Inclusivé, já têm votado por várias vezes contra a diminuição de horas de trabalho semanais e contra a diminuiçâo da idade da reforma.

Os salários são mais altos, o trabalho exigente, os horários sao mais rigorosos e as pausas também. Não há o usual "vamos tomar café durante uma hora" e o tradicional "deixa para amanhã".

Horas extras apenas quando o patrão pede e as paga a 125%, isto claro se tiveres um patrão que não te explore e tiveres uma boa forma de as provar ao picar o ponto (bela invençâo esta). De outra forma estás sujeito a muitos abusos. Em trabalhos de management é usual não haver horas extras ou férias pagas.

Uma boa parte dos trabalhos nao tem 13 nem 14 ordenado, nem há feriados nem pontes à fartazana como em portugal, talvez cerca de 8 feriados por ano, dependendo do cantão.

Em Portugal é igualmente usual trabalhar-se para entrar nos quadros e depois acomodar-se e relaxar. Um funcionário público, conhecido da família, contou-me que foi interpelado pelo seu primeiro chefe nas Finanças, dizendo em tom sarcástico para "abrandar que até ao momento ninguém tinha sido despedido por trabalhar de menos, já o contrário..."

Por aqui se tiverem que dizer adeus dão-te o pré-aviso que vai de 3 dias a 2 meses no caso de estar bastantes anos na empresa, não há imprescindíveis nem tantos acomodados ao lugar, se nao renderes és eliminado. Não ficamos nem por antiguidade nem caridade.

Não esperes que a "familia" ou conhecidos te ajudem. Pelo contrário, em cada 10 coisas que te dizem mentem em 15 e nao te telefonam sabendo de uma oportunidade de trabalho nem que o anúncio esteja colado na porta de casa deles.

Anedoticamente ainda há os que se aproximam e dizem: "sei de um trabalho mas é preciso permis", ao que respondo: "Eu tenho permis."

"Ah mas é preciso saber falar francês" e rapidamente contesto: "não há problema, também tenho um bom nível"

Acabando sempre por inventar sempre alguma coisa que insulta a nossa inteligência para se esquivarem, do género: "qual é a tua cor favorita?"

"Azul, porquê?!"

"Eh pá o homem ligou-me e disse-me que a tua cor favorita tinha que ser o verde..."

Hahaha! Fiquem calados e esforcem-se um pouco mais : D

Os patrões emigrantes estão entre os piores. Não querem pagar direitos, nem férias, pagam menos que a lei obriga e pensam que os emigrantes são escravos analfabetos facilmente dispensáveis.

Pessoalmente e até ao momento tenho gostado de trabalhar com suiços alemães. São objectivos, metódicos e concentrados no trabalho, quando te chamam à atençâo fazem-nos por razões profissionais, separando aspectos pessoais.

Almoça-se juntamente com os chefes, fazendo as pausas juntos e conseguindo até ter-se conversas interessantes de igual para igual, fora do contexto de trabalho, na cafetaria. Não noto tanto a hierarquia, ambiente mais universalista e um maior espírito de grupo.

Obviamente isto não é uma regra e existem as suas excepções. Remeto novamente ao ponto número 1.

A maior dificuldade será o primeiro ano de trabalho, após este período com subsídio de desemprego torna-se mais fácil pois há uma grande máquina a trabalhar para te arranjar o mais rapidamente trabalho. Essa máquina é o cantão da nossa residência, que não quer as pessoas desempregadas por muito tempo : )

Estar desempregado, ter as contas de casa e pagar obrigatoriamente um seguro de saúde (completamente desnecessário e inútil) rapidamente se torna um pesadelo.

Neste testemunho não pretendo afuguentar ninguém. Os portugueses são conhecidos por extremos, ou dizem que isto é uma merda para mais ninguém cá vir e que não gostam nada da Suiça, quando ninguém os está a prender por cá, ou então pintam tudo cor de rosa e dizem que aqui é tudo muito fácil, basta ir a uma montanha e cai uma avalanche de dinheiro e BMWs...

Chegar, ver e vencer é tudo questão de esforço, timing e principalmente de encontrar as pessoas certas que te dêem uma oportunidade.

Não estando arrependido pela mudança e tendo em consideraçâo o bom nível de vida do país, as suas oportunidade e beleza, hoje em dia talvez escolheria um outro destino, num país emergente, menos saturado.

Sem dúvida que é bem mais fácil dizê-lo depois de conhecer : )

Brevemente, quem sabe se puderei vir a adicionar uma nova bandeira ao banner do Blog : )

terça-feira, 2 de março de 2010

Arrependimento mata?

"André conta a Rute a experiência gay que teve e gostou. Rute fica perplexa a chorar, vai embora dizendo a André que não o perdooa pois sente-se usada. A Rute não passou de uma diversão. André fica penalizado e triste com tudo..."

Que bela apresentaçâo do episódio... Eu sabia que me ia arrepender de ter a TVI!

Timor Contacto volta! Estás perdoado : )

segunda-feira, 1 de março de 2010

Na terra do vale tudo...

É cada vez mais comum ver mendigos ou artistas nas ruas frias da Suiça.

Na sua grande maioria são pessoas que não querem trabalhar, parasitas da sociedade. Outros porém conseguem criar entretenimento e até dar cor e música a avenidas com a sua arte.

Salvo raras excepções: que saibam realmente tocar a concertina, o acordeão, a harmónica ou o violino e não abusem da segurança social ou pertençam a gangues do Leste ou dos Balcãs.

Enquanto uma minoria prefere seguir em frente e ir de porta em porta à procura de trabalho, há quem ainda consiga surpreender.

Quem sabe, e vendo por cá como está tão saturado o mercado de trabalho, começo igualmente a pensar que talvez se tenha cansado de receber tantas recusas!

Na terra do "chaque jour, chaque facture", há quem faça de tudo por cá continuar...


Obrigado Colaço pela partilha da imagem.